Esse texto vai para
todas as mamães que no próximo domingo vão almoçar com seus filhos
caracterizando quase, o único dia do ano, que nos aproximamos da perfeição da
família Doriana. Filhos amando mães, mães amando filhos, todos juntos e felizes,
porém, a realidade, o dia a dia, não é bem assim. Encarar a maternidade é uma
missão que os marqueteiros do dia das mães e as páginas sociais do facebook,
vendem como linda e romântica, quase que perfeita, porém, é cheia de dilemas.
Todos os dias, estou em contato com famílias, papais e
mamães, cheios de angustias, incertezas, e eu diria até, algumas vezes,
desesperados. Os pais, assim como as mães, merecem destaque para nossas
reflexões, porém, deixarei essa discussão para outro post.
Quando desejamos ser mães criamos uma série de
expectativas em relação a essa experiência. Uma linda barriga, um lindo bebê,
um lindo quarto de bebê, um bebê bonzinho, uma menina boazinha, um menino
inteligente, crianças espertas e criativas, assim serão meus filhos. Eles
sempre vão me obedecer, quando eu disser para ir tomar banho, eles não irão ser
birrentos como essas crianças por aí. Quando eu me recusar a comprar algo no
supermercado, eles irão entender, assim serão meus filhos, porque conseguirei
cria-los adequadamente. E de repente, a realidade se impõe. Essa realidade que
não coloca refresco nas coisas, essa realidade que não está interessada em
saber sua opinião, essa realidade que entra como um tsunami em sua vida, sem
pedir licença, essa realidade que não tem o mínimo de delicadeza.
A menina não é nada delicada, tem ruim comportamento,
fala grosserias, gosta de futebol e bate nos meninos na escola. O menino é
birrento, não aceita ser contrariado, quer ficar o tempo todo no colo da mãe e
dá muito trabalho para comer. E assim os filhos vão contrariando os pais e
quando mais eles percebem que os pais se irritam, mais eles contrariam. Eles
querem ser aceitos e amados como são, como se quisessem dizer: “olha pra mim,
eu sou assim, não consigo ser de outro jeito, você pode me amar do jeito que eu
sou”?
Escrevendo esse texto me ocorreu uma cena que aconteceu
comigo recentemente. Encontrei a mãe de uma antiga pequena paciente na fila do
supermercado com os dois filhos. Ela me cumprimentou e diante da cena das crianças
aprontando todas na fila, ela me disse: “eu queria tanto ser mãe, fiz de tudo
para engravidar, mas se eu soubesse que era assim, teria desistido”. Triste
confissão de uma mãe desesperada que precisa de cuidados, mais que os filhos,
pois ela vive perseguindo tratamento para os filhos sem perceber que ela é quem
precisa de ajuda.
Sim, as mães precisam de ajuda, na maioria das vezes,
elas precisam mais que os filhos, pois encarar essa missão não é algo simples e
talvez seja isso que faça o fato de ser mãe uma missão tão arriscada e bonita.
Ser mãe é abdicar, é não saber o que fazer, mas fazer
assim mesmo. É amar uma criaturinha simplesmente por ser seu filho, é entender,
acolher, dar aquele colinho que faz toda a diferença. É não dormir a noite e
ter que cozinhar mesmo não gostando. É se preocupar constantemente, é sentir
saudades e a dor da separação, é lidar com angustia de que o filho está fazendo
uma escolha diferente de você.
Ser mãe é cuidar de alguém que você não tem posse, de
alguém que vai sair de perto e fazer as próprias escolhas, e a única coisa de
te resta, é olhar de longe e torcer para dar tudo certo, mas se der errado, o
seu colo estará sempre disponível para acolher seu filho.
Para ser mãe não temos garantias, manual de instrução, passo
a passo, a experiência é na raça mesmo. E como os filhos ensinam suas mães!
Como os filhos mostram que você é cheio de defeitos, impaciente,
perfeccionista, exigente, sempre quer levar vantagem, fura fila e joga papel no
chão. Opa, agora eu tenho um filho, não posso ser mais assim, tenho que dar o
exemplo, tenho que ser melhor, não perfeito, mas melhor. E quando eu não
consegui, posso vencer meu orgulho e dizer: “desculpa filho”.
A maternidade é uma experiência transformadora. Ela não
precisa ser vivenciada por todas as mulheres e acho que é de muito bom senso
aquelas que não querem vivenciar, afinal, elas querem poupar o pequeno ser de
uma experiência na qual elas não estão disponíveis, o que fazem muito bem,
afinal, para ser mãe é preciso desejar. Só desejar, apenas desejar, o resto a
gente vai aprendendo dia após dia com os pequenos, a cada fase que eles passam,
a cada ano que se finda, a cada dia das mães que se aproxima.
A todas as mamães, parabéns, boa sorte, paciência,
persistência, e fundamentalmente muito amor!
Feliz dia das mães!
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