Como já venho
mencionado, em meus artigos no blog, cada vez mais tenho recebido crianças com
queixa escolar, com problemas de comportamento e aprendizagem. Por isso
gostaria de falar nesse artigo sobre a ritalina ou o metilfenidato, substância base da ritalina.
Boa parte das crianças que estão com algum tipo de
diagnóstico de déficit de atenção e hiperatividade (tdah) estão fazendo uso da
ritalina. Particularmente considero este dado preocupante, por que tantas
crianças estão consumindo ritalina? A prescrição excessiva de ritalina para as
crianças me faz pensar que o tdah se trata de uma epidemia assustadora.
Particularmente questiono a existência do tdah. Talvez
meu questionamento seja pelo fato de que nunca conheci uma criança que de fato
tenha tdah, portanto, não afirmo categoricamente que essa doença não exista,
além de eu não ser médica ou não ter feito nenhum tipo de pesquisa sobre o
tema, me baseio em minha experiência clínica. As crianças que recebi em meu
consultório, mesmo as que chegaram com o diagnóstico de tdah e tomando
ritalina, não acredito que tenham, de fato, a doença. Minha crença não vem
apenas de um achismo, ou até mesmo de uma análise sintomática superficial.
Minha critica se baseia em conversa com os pais, análise do cotidiano, rotina
da criança e ainda, avaliação com a própria criança, assim, me atrevo a ficar
restrita a minha experiência clínica para discutir o tema.
Normalmente os pais se queixam do comportamento inquieto
da criança, que ela não para quieta, que ela não consegue se concentrar que não
presta atenção e por conta disso, tem dificuldades de aprendizagem na escola.
Quando questiono sobre a rotina da criança, muitas vezes, a maioria, não tem
rotina. Não tem horário para acordar, fazer as refeições (a maioria, inclusive,
não faz refeições na mesa, em família, as crianças comem na frente da
televisão), não tem horário para dormir, tomar banho, fazer a lição, etc. Fico
pensando sobre o quão complicado é uma criança sem rotina e pior, de uma
criança que decide sobre a rotina.
As crianças, atualmente, estão sendo hiperestimuladas.
Comem na frente da tv, brincam com o tablet, jogam no vídeo game, assistem
filme no computador. Na minha infância eu tinha que esperar o horário do
desenho que eu queria assistir, hoje em dia a criança é bombardeada por canais
exclusivos de desenhos, em que ela pode escolher a qualquer momento qual quer
assistir. Para que esperar?
Sobre crianças com dificuldade de aprendizagem, questiono
sobre a hora que estudam ou fazem a lição. A resposta é que esse momento não
existe, assim, como uma criança que não faz lição, não presta atenção na aula,
não estuda pode aprender? Outro perfil é a criança que aprende com facilidade,
mas não para quieta na sala de aula. Esse caso me aprece óbvio que a criança
não tem interesse na aula, pois ela já apreendeu o conteúdo, ela não precisa
prestar atenção.
Frequentemente pergunto aos pais se o médico questionou
sobre a rotina da criança, sobre a relação familiar, sobre o histórico escolar
da criança e a resposta quase sempre é NÃO. Como um médico pode fazer um
diagnostico de tdah sem esses dados? Isso seria possível?
O número de diagnóstico de tdah é assustador, e só pelo
fato desse excesso de diagnósticos, já se coloca em questão sobre a seriedade
dos mesmos e se de fato, esses diagnósticos realmente procedem, por isso faço
um apelo aos pais, cuidado! Cuidado com a prescrição de medicamentos, cuidado
com o diagnóstico de tdah. A ritalina tem efeito colateral, é uma droga
estimulante e seu consumo tem implicações sérias.
Muitas vezes acredito que a criança está carregando o
fracasso de um sistema educacional, de uma família desautorizada, e de
profissionais de saúde poucos dispostos a ouvir.
Ritalina, um mal necessário? Por enquanto eu me arrisco a
dizer desnecessário, quem sabe uma criança que de fato, tenha tdah me prove o
contrário. Estou esperando há dez anos, e por enquanto, vou continuar
esperando.
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