Sentir medo na infância é normal e recorrente. Muitas crianças
sentem medo de dormir sozinha, ir ao banheiro durante a noite, ir à cozinha
pegar um copo de água, dormir na casa de um amigo sem os pais, medo de ir à
escola.
Cada caso de
medo deve ser analisado individualmente, mas podemos discutir sobre alguns
medos que são normais as crianças sentirem, principalmente na saída da primeira
infância, a partir dos seis anos.
A partir dos
seis anos a criança começa a enfrentar situações que exigem maior independência.
Ela já passou pela fase do desfralde, desmame, toma banho sozinha, come
sozinha, dorme sozinha, entra na escola sozinha, enfim, várias ações de
independência já se manifestam.
É nesse
momento que, muitas vezes, a criança manifesta comportamentos de medo. De
repente, ela que dormia sozinha, tem medo, que tomava banho sozinha, tem medo,
que entrava na escola sem problemas, começa a chorar, espera companhia para
pegar um copo de água na cozinha. Os pais, normalmente, estranham esse
comportamento e temem que algo de sério possa estar acontecendo com a criança.
Nessa fase,
em que a criança se dá conta que ela já tem condições de fazer muitas coisas
sozinhas, o sintoma de medo pode surgir para que, dessa forma, ela possa chamar
a companhia dos pais. Se a criança sente medo para dormir, ela tenta dormir com
os pais, se tem medo de ir à escola, ela tenta ficar em casa, se tem medo de
fazer algo sozinha, espera ter a companhia dos pais.
Ter a
sensação de que temos que enfrentar algumas situações sozinhos, pode causar,
realmente, medo e insegurança. Serei capaz de conseguir? Como enfrentar algo
sozinho? Adultos sentem essa dificuldade, imagine as crianças.
Como adultos
devemos ajudar as crianças a enfrentar essas situações.
Pois é,
muitas vezes o medo deve ser enfrentado. Temos a tendência de fazer pela
criança quando ela sente medo, devemos ajudá-la, mas não fazer por ela.
Devemos
mostrar que o sentimento de medo é normal, eu sinto medo, você sente medo, não
é mesmo? Assim sendo, ela tem todo o direito de sentir medo, mas assim como
nós, deve enfrentá-lo.
Alguns medos
eu posso até evitar, como exemplo, medo de cavalo, medo de trem da alegria,
outros ficam mais difíceis, como medo de ir à escola, medo de dormir sozinho.
Ajudar a
criança a enfrentar o medo, é sinalizar a ela, que tem condições de enfrentar e
quando a criança consegue, ela se sente mais segura e confiante.
Quando a
criança não consegue dormir sozinha no quarto dela, podemos ajudá-la, temporariamente,
a dormir no quarto fazendo companhia, deixando um abajur ligado, deixando fazer
alguma leitura até pegar no sono, permitindo dormir com algum boneco e aos
poucos, devemos sinalizar que ela tem condições de fazer sozinha.
Devemos,
também, estar atentos para que nossos próprios medos não estejam afetando a
criança. Se eu não consigo lidar com meus próprios medos, provavelmente, irei
afetar meu filho. Se for uma mãe e um pai que tenha medo que o filho faça
qualquer coisa, esse medo afetará essa criança. Assim sendo, o melhor a fazer é
tratar o próprio medo, para que dessa forma, tenha condições de ajudar a
criança.