A adolescência é
período de intensas e importantes mudanças. Mesmo quando tudo vai bem, ainda
sim, é um período difícil e caótico. O adolescente deixa o período da infância
e caminha em direção à vida adulta. Momento em que ele deve fazer escolhas, ter
posicionamentos, e vivenciar as primeiras experiências da vida adulta como o
trabalho e relacionamentos amorosos.
É um período importante para a formação de identidade. O
adolescente se distancia da referência familiar para se aproximar de referências
exteriores. Período em que procuram ídolos, pessoas do exterior para se
identificarem.
Os pais estranham muito esse momento. O filho que tinha
os pais como ídolos agora não quer saber mais da presença dos mesmos, quer
apenas a presença dos amigos e acham a opinião dos pais antiquada. De fato é um
momento difícil para os pais, pois eles vão se dando conta do distanciamento de
seus filhos, distanciamento necessário, pois os filhos nasceram para terem suas
próprias vidas e não para ser uma extensão de seus pais.
Para lidar com a adolescência dos filhos os pais devem
lidar com a própria adolescência. Devem entender que o momento que vivenciaram
a adolescência foi absolutamente diferente de seus filhos e não adianta
insistirem nas comparações. O momento atual deve ser considerado, afinal, o
mundo muda, a sociedade muda, as pessoas mudam. Isso não significa que levar em
consideração o momento presente você não determinará limites para seus filhos
adolescentes. Sim, os adolescentes precisam de limites, afinal, ainda não são
adultos e não podem responder pelos seus próprios atos. Os limites também
significa saber trabalhar com responsabilidade, assim limite de horário, de
dinheiro, dentre outros, ajuda o adolescente a lidar com responsabilidade.
O adolescente deve entender que liberdade está
relacionada com responsabilidade. Que a partir do momento que assumimos fazer
algo por nossa conta, devemos assumir também, a responsabilidade, assim sendo,
é importante que o adulto dê suporte ao adolescente para enfrentar as
responsabilidades.
Muitos adolescentes acabam carregando sintomas fóbicos em
relação a esse período de descolamento da família. Eles têm medo de sair de
casa, ir à escola e resolver problemas sozinhos e isso é muito ruim para os
jovens. Os pais devem incentivar o adolescente a assumir tarefas e prepara-los
para a vida adulta.
Muitos pais cobram responsabilidade de seus filhos
adolescentes, cobram que se lembrem dos compromissos sozinhos, que arrumem o
quarto e que tenham atitudes mais maduras, porém, em contrapartida, não deixam
o filho sair de casa sozinho, pegar um ônibus, ir ao cinema com os colegas, ou
frequentar a casa de um amigo. Percebam que essa atitude é totalmente
contraditória? Como posso cobrar sem oferecer?
Outro cuidado que devemos tomar é não medicar a
adolescência. Muitos conflitos relacionados a essa fase são olhados como
“patológicos” e “anormais”, porém, eu encararia muito mais como conflitos
típicos à adolescência. Apesar de serem típicos e normais não devemos
desconsiderar o sofrimento do adolescente e ainda a dificuldade da família em
lidar com tais conflitos. Sendo assim, o mais indicado seria psicoterapia para
o adolescente concomitantemente ao acompanhamento familiar. Assim não devemos
transformar a adolescência em doença, mas sim considerar os conflitos que
rondam esse período.
A psicanalista francesa, Françoise Dolto, compara a
adolescência a passagem de uma margem de um rio à outra margem. Sendo assim, o
adolescente precisa de suporte para enfrentar esse momento, para fazer essa
passagem, de modo que cheguem do outro lado, preparados para enfrentar as
vicissitudes da vida adulta.
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