Uma questão que acho
pertinente trazer para discussão é sobre um tema, no qual, cada vez mais, se
torna recorrente para encaminhamento de crianças para a clínica psicológica: a
obesidade infantil. Muitas crianças estão com sobrepeso, com exames médicos
alterados e, até mesmo, algumas desenvolveram diabetes por conta da obesidade.
Muitos encaminhamentos são justificados pela ansiedade da
criança, o que ocasiona comer demais e por consequência, a obesidade. Os pais,
em geral, narram que não conseguem controlar o apetite da criança, e nem o
alimento que ela irá consumir. Normalmente, ao questionarmos o hábito alimentar
da criança, percebemos que é muito ruim. Comida industrializada, refrigerantes,
pouca fruta, legume e verduras. Outro ponto de destaque é que, os pais, também
são, na maioria das vezes, obesos. Eles questionam a obesidade da criança sem,
nem mesmo, por em questão a própria obesidade, como se o problema de sobrepeso
fosse só da criança.
Sabemos que a obesidade tem várias causas, má
alimentação, problemas genéticos, hormonais, falta de exercícios físicos.
Porém, nos casos que recebi a causa que eu colocaria em destaque, sem sombra de
dúvidas, seria a má alimentação. As
crianças estão decidindo o que comer, que horas comer e onde comer, uma decisão
que cabe aos pais, não a criança.
Recentemente assisti um documentário chamado: “muito além
do peso”, sobre obesidade infantil. O documentário retrata crianças obesas com
péssimos hábitos alimentares, aliado a permissividade e desinformação dos pais.
Outro ponto em destaque seria a exploração do mercado publicitário, articulando
a imagem de personagens infantis, que seduzem as crianças por meio das
propagandas. Os pais relatam que lidar com o investimento desse mercado é quase
impossível e quando as crianças insistem em consumir esses alimentos, não há
como impedir.
Devo reconhecer que o mercado publicitário é apelativo e
sedutor, porém, não seria necessário que os pais enfrentem as investidas do mercado
de consumo de produtos infantil? Menciono isso por considerar que, em muitas
situações as crianças estão tomando a frente, fazendo escolhas e tomando
decisões. Como já mencionei em outros artigos, as crianças não podem tomar
decisões, elas são sujeitos em formação e não estão preparadas para isso.
A alimentação de uma criança é algo muito importante e
merece cuidados especiais. Acho praticamente impossível, que as crianças não
consumam doces, refrigerantes, fast food, porém, os pais devem decidir o
momento de consumir esses alimentos. A rotina de uma criança deve ser de uma
alimentação saudável, isso irá influenciar em seu desenvolvimento físico e
mental. Existem pesquisas científicas que analisam a influência de uma má
alimentação com problemas de aprendizagem, assim, se seu filho está com um
desempenho ruim na escola, esse sintoma pode ter relação com a alimentação.
Há um tempo, os problemas de alimentação na infância,
estavam muito mais relacionados com a desnutrição do que com a obesidade.
Atualmente, sem dúvida, a obesidade se destaca, o que reflete o sintoma
contemporâneo, o excesso se sobrepõe à falta. Os pais acreditam que devem
oferecer tudo à criança e isso é prejudicial.
Encerro com a citação do famoso cozinheiro francês Jean-Anthelme
Brillat-Savarin: “Diz-me o que comes, dir-te-ei quem és”.
Se alguém se interessar em assistir o documentário que
citei, segue o link: https://www.youtube.com/watch?v=0v8ENF-lomI.
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