A reflexão que proponho
tem a ver tanto com a clínica com crianças como a de adultos. O que leva um
sujeito a procurar um atendimento psicológico? A diferença entre criança e adulto
é que a criança é levada pelos pais e tem a queixa formulada pelos mesmos.
Tanto os pacientes adultos, quanto os pais das crianças
parecem procurar um psicólogo para a cura de uma doença. Estão presos a um
diagnóstico e nos sintomas que estão sentido. O diagnóstico parece de certa
forma, sinalizar o sintoma e a expectativa diante do tratamento psicológico.
Eu, particularmente, prefiro encarar o sofrimento em
saúde mental, como um problema relacionado à existência e não a doença. Entendo
que o sintoma tem uma forte relação com a existência e não a doença. A queixa
do sujeito se relaciona a sua existência e não a doença. Estar preso à doença,
provavelmente, fará com que o sujeito fique engessado no mesmo lugar, para o
deslocamento, é importante que questione a própria existência e por
consequência, avalie a responsabilidade que tem diante do sintoma.
Um sujeito adulto deve questionar suas relações, sua
postura diante do outro e da vida, suas escolhas e isso tem a ver com a
existência e conforme o percurso de cada um, pode trazer muito sofrimento ao
sujeito. Com a criança devemos questionar como os pais estão se posicionando
diante do filho. Coloca limites? Estabelece regras? Acompanha a vida escolar?
Incentiva a independência? Ensina esperar? Mostra para os filhos que não estão
cem por cento disponíveis para eles? Oferece afeto? Enfim, muitas outras
questões estão em cheque nesse momento. Devemos assim, mostrar aos pais, que o
sintoma dos filhos tem total e absoluta relação com eles mesmos e não única e
exclusivamente com a criança.
Através do atendimento com as histéricas, Freud já nos
sinalizava a importância da palavra do sujeito em sofrimento psíquico. Através
da palavra o sujeito faz uma articulação entre o sofrimento e a existência e
passa a se responsabilizar sobre o próprio sintoma, assim, sai da condição se
vítima para a condição de protagonista de sua existência.
Deixamos a doença para a clínica psiquiátrica, já a
existência, acredito fazer parte da clínica psicanalítica, da clínica que
convoca o sujeito a responder em lugar do sintoma, da clínica que acolhe a dor,
mas que não pode deixar de falar sobre ela. Para quem estiver disposto, seja
bem vindo!
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