Muitos saberes
científicos, como a psicologia, a pedagogia, a medicina, etc, se interrogam
sobre a condição da criança. Afinal, o que é normal? Que comportamento podemos
considerar adequado para uma criança de uma determinada idade?
A criança nem sempre teve tanto
realce social, como atualmente. De fato, a criança passa a ser percebida
socialmente, a partir da modernidade, antes disso, ela não tinha qualquer
importância ou destaque, ninguém se questionava sobre as crianças. A partir do
surgimento da família moderna, a criança passa a ser considerada como um ser
que precisa de cuidados especiais, não apenas dos pais, como também do Estado e
da sociedade.
A
escolarização das crianças é determinada, pela nova condição adquirida pela
infância na modernidade. A escola moderna vai delineando a aprendizagem, os
hábitos, as normas e os afazeres que correspondem a cada idade. O discurso pedagógico
ganha, desta forma, toda a sua força e seu poder.
A
criança passa a ser observada, analisada, avaliada e classificada. O discurso
científico se debruça sobre a criança, em uma tentativa de produzir conhecimento
e saberes sobre a mesma. A criança se tornou, assim, foco das especialidades. A
psicologia fala sobre crianças, a pedagogia fala sobre crianças, a medicina
fala sobre crianças.
Na
contra mão do saber científico, proponho: vamos falar de crianças? Ou seja,
vamos interrogá-la? A interrogação, nesse caso, deve ser enfatizada. Desta
maneira, proponho uma discussão sobre questões relacionadas às crianças, a
partir da minha experiência clínica com as mesmas e não a partir de uma
especialidade sobre crianças. Eu não sei sobre as crianças, apenas converso com
elas, as escuto. Também converso com os pais e também escuto as angústias
deles, e a partir da escuta de pais e crianças, lido com as especificidades de
cada caso. O lugar da minha escuta é ancorado na psicanálise.
Os
temas que proponho para discussão são pensados, a partir, de questões mais recorrentes,
na minha prática clínica com crianças, mas não desqualifica a especificidade de
cada caso, de cada criança e de cada família, assim:
Vamos
falar de crianças?
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