terça-feira, 25 de agosto de 2015

Vamos falar de crianças?

Muitos saberes científicos, como a psicologia, a pedagogia, a medicina, etc, se interrogam sobre a condição da criança. Afinal, o que é normal? Que comportamento podemos considerar adequado para uma criança de uma determinada idade?
            A criança nem sempre teve tanto realce social, como atualmente. De fato, a criança passa a ser percebida socialmente, a partir da modernidade, antes disso, ela não tinha qualquer importância ou destaque, ninguém se questionava sobre as crianças. A partir do surgimento da família moderna, a criança passa a ser considerada como um ser que precisa de cuidados especiais, não apenas dos pais, como também do Estado e da sociedade.
            A escolarização das crianças é determinada, pela nova condição adquirida pela infância na modernidade. A escola moderna vai delineando a aprendizagem, os hábitos, as normas e os afazeres que correspondem a cada idade. O discurso pedagógico ganha, desta forma, toda a sua força e seu poder.
            A criança passa a ser observada, analisada, avaliada e classificada. O discurso científico se debruça sobre a criança, em uma tentativa de produzir conhecimento e saberes sobre a mesma. A criança se tornou, assim, foco das especialidades. A psicologia fala sobre crianças, a pedagogia fala sobre crianças, a medicina fala sobre crianças.
            Na contra mão do saber científico, proponho: vamos falar de crianças? Ou seja, vamos interrogá-la? A interrogação, nesse caso, deve ser enfatizada. Desta maneira, proponho uma discussão sobre questões relacionadas às crianças, a partir da minha experiência clínica com as mesmas e não a partir de uma especialidade sobre crianças. Eu não sei sobre as crianças, apenas converso com elas, as escuto. Também converso com os pais e também escuto as angústias deles, e a partir da escuta de pais e crianças, lido com as especificidades de cada caso. O lugar da minha escuta é ancorado na psicanálise.
            Os temas que proponho para discussão são pensados, a partir, de questões mais recorrentes, na minha prática clínica com crianças, mas não desqualifica a especificidade de cada caso, de cada criança e de cada família, assim:
            Vamos falar de crianças?
           


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